Existe uma tarefa da vida cotidiana que costuma ser estressante a ponto de precisar uma seção exclusiva: o supermercado. O início do luto, uma “simples” ida ao mercado não é nem um pouco simples; o enlutado pode encontrar inúmeras pessoas querendo saber: “Como você está de verdade?”
Essas perguntas bem-intencionadas, mas intrusivas, sobre o estado emocional podem surgir a qualquer momento, não importa quanto a pessoa evite falar sobre o assunto que traz sofrimento.
Fazer compras é uma dificuldade específica para quem está passando pelo luto, quase todo mundo tem a própria história para contar naquele momento, é como se fosse uma oportunidade para desabafar.
Algumas pessoas irão ao mercado em horários com menos movimento, para evitar qualquer conhecido; outras se deslocam para lugares distantes para fazer compras em paz.
Essa é outra coisa em que pessoas não enlutadas não pensariam: como a sua perda, especialmente se for “inesperada” ou “incomum”, se transforma em um assunto para discussão pública. Sempre que o enlutado sai, as pessoas sentem necessidade de se aproximar, perguntar, verificar como você está. É importante deixar o enlutado respirar.
Não importa se a pessoa é um amigo ou não. Na verdade, quanto mais distante o relacionamento, mais perguntas inconvenientes pode receber enquanto tenta escolher uns legumes sem ser incomodado.
Às vezes, é importante se afastar de lugares específicos onde há conhecidos que trabalham. Podem iniciar um longo e arrastado interrogatório, indagando sobre a saúde emocional, os planos para o futuro e detalhes sobre o falecimento.
Pedir para que o outro pare com perguntas, exige energia, interesse e habilidades que em momentos assim é muito difícil. É mais fácil comprar em outro local.
Não é de espantar que o luto seja exaustivo e cansativo. Não é “somente” a dor intensa da perda. É a imensa quantidade de coisas minúsculas que precisam ser evitadas, suportadas e planejadas quando a vida muda repentinamente.
De fora, é impossível saber, mas quem está de luto entende completamente. Muita gente tem histórias de exaustão, fuga e da necessidade de apenas não querer conversar.
Reservar um tempo para ficar em silêncio solitário para elaborar a perda em paz. Esperar o tempo passar.
Tudo bem evitar pessoas. Tudo bem – é até mesmo saudável – fazer comprar num lugar distante onde ninguém o conheça. A pessoa enlutada merece esse distanciamento para ter mais tranquilidade.
O enlutado merece o direito de contar suas histórias quando e onde achar melhor, com um enorme escudo invisível para se proteger ao sair no mundo sem querer falar com ninguém.
O certo é fazer qualquer coisa para sentir essa proteção tão pessoal e cheia de autocuidado para retomar a vida com mais segurança. É possível oferecer ajuda sem querer saber detalhes da “nova vida” da pessoa. Estar disponível para ouvir a pessoa quando ela achar necessário. Deixar o canal do sentimento aberto para a escuta sem perguntas e julgamentos.
Mais uma coisa importantíssima sobre o supermercado: muitos enlutados ficam desorientados com todas as coisas que não precisam mais comprar para quem eles perderam – não há mais necessidade do biscoito predileto ou do café especial.
Carrinhos de compras abandonados são comuns no mundo dos corações em luto. Uma boa ideia é fazer compras pela internet ou por telefone (uma coisa ótima, por sinal). Isso não significa isolamento, mas autocuidado para evitar que o assunto se estenda e prejudique a elaboração da perda.
Nesse caso, aplicam-se as regras da gentileza consigo mesmo: estabeleça seu ritmo, permita-se sair da loja quando precisar (não importa quão cheio seu carrinho esteja) e depois se dê algum para respirar e absorver como tudo isso é difícil. As tarefas da vida “normal” costumam destacar sua perda com um contraste com a triste realidade.
A pessoa enlutada deve ser acolhida com sensibilidade e atenção. Saber escutar é um dos aspectos mais importantes em situações de grande sensibilidade.
Quando você precisar de amparo e acolhimento, estaremos ao seu lado.
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“Quero garantir a tranquilidade da minha família.”
Conteúdo inspirado no Livro “Tudo bem não estar bem”.